Boa parte das pessoas entende que a comida e a bebida servem apenas para a manutenção da vida, para o deleite sensorial e para a celebração da convivência social. Ainda que seja absolutamente costumeiro que uma refeição especial, digamos, um jantar no qual se celebrou um aniversário extrapole os limites da mera alimentação ou porque foi especialmente bom, ou porque foi muito alegre, ou porque evocou doces memórias, escapa a muitos indivíduos que se possa interpretar a comida e a bebida, que é possível abstrair informações ou conceitos delas tal qual se faz com outras artes, como a música, a literatura, a arquitetura etc. Também não pertence ao senso comum que existem na alimentação simbolismos e significados intensos como nessas mesmas artes. Parece estranho à primeira vista, ou até mesmo absurdo, que se possa fazer uma análise acurada das bebidas e das comidas postas na mesa e que elas encerram considerações filosóficas, ideológicas e religiosas.Porém, esta interpretação é possível, desejável e é o mote deste trabalho introduzir o leitor na simbologia da gastronomia. Assim como a rosácea do gótico radiante é eivada de significados, lembrando a luz divina que é una e simples no seu princípio e se divide e se diversifica na medida em que as criaturas intelectuais se afastam como linhas de um centro, os alimentos e bebidas, guardada a devida proporção, também têm a sua bela simbologia. Santo Tomás de Aquino, por exemplo, ensinou que há simbolismo na alimentação quando analisou algumas comidas e bebidas em algumas questões da Suma Teológica e em outros trabalhos também, como nos comentários sobre o Evangelho de São João, no qual ele ensinou o seguinte sobre o vinho:O vinho é áspero, e é a esse título que a Justiça é chamada vinho (...) por outro lado, “o vinho alegra o coração do homem” (Sl 103,15). É nisto que a Sabedoria é vinho, porque sua meditação traz a alegria mais viva (...) Da mesma forma, o vinho inebria (...) por esta razão se diz que a caridade é um vinho (...) E a Caridade é dita ainda vinho em razão do ardor que ele produz. (Comentários sobre o Evangelho de São João, Cp. II, lição I, nº 347, Vol. I, pp. 331–332).
Sobre o autor(a)
Andrade, Marcelo
Marcelo de Almeida Andrade, nascido na cidade de São Paulo, nos idos de 1971, é casado e tem três filhos. Formou-se em direito, pela PUC SP, em 1996, além de ser professor de História, é articulista dos sites Flos Carmeli, Casa de Manolete e Professor Marcelo Andrade.Tem várias incursões no YouTube com aulas de temas diversos, desde a cabala judaica a um leve diálogo sobre tourada, a maioria veiculada pelos canais Flos Carmeli e Marcelo Andrade. Um dos seus maiores temas de interesse é a história das Espanhas, nisso tudo incluindo o Brasil, Portugal e toda a cultura que daí decorre. Como se não bastasse esse acervo, Marcelo ainda é poeta de bancada e de gostar de ouvir uma boa recitação, dessas poesias autênticas dos rincões sertanejos do Brasil. Tem em seu repertório a publicação dos livros:• Televisão – um “fast-food” envenenado para a alma;• A Metafísica da Gastronomia – Santo Tomás de Aquino à mesa;• Motes resolvidos;• História dos Estados Unidos: sem mitos;• Impérios Coloniais;• 1822 – a separação do Brasil;• Segunda Guerra Mundial – uma guerra contra os povos. |
ISBN | 9788593688119 |
Autor(a) | Andrade, Marcelo (Autor) |
Editora | Flos Carmeli |
Idioma | Português |
Edição | 1 |
Ano de edição | 2020 |
Páginas | 200 |
Acabamento | Brochura |
Dimensões | 23,00 X 16,00 |