O Homem Que Espalhou O Deserto - 12ª Edição

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Quando menino, gostava de apanhar a tesoura da mãe e ia para o quintal. Ficava horas distraído, podando as folhas das árvores, plec, plec, plec. Assim começa essa pequena grande história, de Ignácio de Loyola Brandão, publicada pela primeira vez em 1989, quando a questão ambiental ainda não era discutida nas escolas. Já nessa época, o consagrado escritor coloca seu leitor diante de problemas ambientais, exigindo-lhe um posicionamento crítico, a partir da criativa e bem elaborada história do menino destruidor de árvores. A narrativa surpreende. Traça, em poucas palavras, a trajetória do descaso do personagem em relação ao ambiente em que vive – de ações aparentemente inocentes, chega-se a atitudes absolutamente condenáveis. A leitura de O homem que espalhou o deserto significa a possibilidade de refletir sobre a crença de que o homem é senhor absoluto da natureza. Significa também o privilégio de entrar em contato com um texto de inigualável qualidade literária.
Sobre o autor(a)

Brandão, Ignácio De Loyola

Ignácio de Loyola Lopes Brandão (Araraquara, São Paulo, 1936). Filho de Antônio Maria Brandão, funcionário da estrada de ferro de Araraquara, e de Maria do Rosário Lopes Brandão, conclui os estudos primário e ginasial em sua cidade natal. Adolescente cinéfilo, escreve críticas de cinema para jornais locais e funda o Clube de Cinema de Araraquara. À semelhança de outros colegas de geração, como o encenador e dramaturgo José Celso Martinez Corrêa (1937), muda-se para São Paulo em 1957, contratado como repórter do jornal Última Hora. Mais tarde, viaja para Roma, Itália, disposto a tornar-se roteirista dos estúdios da Cinecittá. Durante a estadia, trabalha como colaborador do Última Hora e da TV Excelsior. Na década de 1960, Loyola publica seu primeiro livro de contos, Depois do Sol (1965), e lança seu primeiro romance, Bebel que a Cidade Comeu (1968), adaptado para o cinema pelo diretor Maurice Capovilla (1936). Ambas as obras documentam personagens e cenários da cidade de São Paulo. Ainda no ano de 1968, recebe o Prêmio Especial do 1º Concurso Nacional de Contos do Paraná, por Pega ele, Silêncio, uma coletânea de contos. Nesse período, trabalha para as revistas Realidade, Setenta e Planeta. Consagra-se, em meados da década de 1970, como uma das principais vozes da geração literária que estreia ou amadurece depois do golpe militar de 1964, representante de um conjunto de novos autores que, apesar da repressão política, renova a literatura brasileira. Nessa época, a busca por soluções estéticas inovadoras acompanha um percurso cultural que se manifesta em diferentes áreas artísticas desde o final da década de 1960 – é o caso, por exemplo, do tropicalismo na música popular, ou do chamado “cinema marginal”, na cinematografia. Esse período é marcado pela “legitimação da pluralidade” – para usar a expressão do crítico literário Antonio Candido (1918-2017) –, pluralidade que se traduz na diferença dos projetos literários e na forma híbrida que muitas narrativas da época assumem.
Entre os recursos que diluem a fronteira dos gêneros literários e traduzem a agitação experimental daqueles anos estão autobiografias romanceadas, romances-reportagem, contos que não se distinguem de poemas ou crônicas, uso de fotomontagens e grafismos dentro dos textos, poemas visuais e estilhaços de história. Escritores como Renato Tapajós (1943), Roberto Drummond (1933-2002), Rubem Fonseca (1925) e Loyola debruçam-se sobre a experiência repressiva da ditadura; eles criam obras pautadas pela agressividade de forma e conteúdo, retratando os novos tempos de violência, censura, êxodo rural, marginalidade econômica e social – o Brasil do chamado “milagre econômico”. A obra de Ignácio de Loyola Brandão cumpre um papel fundamental na literatura brasileira ao colocá-la no rumo de novas possibilidades expressivas. Os temas trabalhados em seus contos e romances (perda da identidade, incomunicabilidade, desumanização do homem, dissociação entre homem e natureza etc.) e os recursos utilizados para dar forma a esse universo (a fragmentação, a descontinuidade narrativa e o uso da paródia) apontam para o que a história das artes e da literatura define como o “pós-modernismo”.
ISBN 9788526002760
Autor(a) Brandão, Ignácio De Loyola (Autor)
Editora Global
Coleção/Serie Ignácio De Loyola Brandão
Idioma Português
Edição 12
Ano de edição 2024
Páginas 32
Acabamento Brochura
Dimensões 23,00 X 16,00

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